Ficam cada vez mais claras as relações entre os 4 envolvidos num esquema de cobrança de propina da Seduc que acabou em morte
Diferente do que muitos estariam imaginando desde que revelada, de forma inequívoca, a presença do sobrinho do governador na cena do crime, Daniel não estava apenas de passagem, nem foi mero acaso seu encontro com o vereador Beto Castro, João Bosco e Gilbson Cutrim.
Na verdade, Daniel Itapary Brandão é peça central em todo episódio, e isso tem sido ignorado pela polícia na investigação, de modo a proteger o sobrinho do governador. Isso começa a ficar mais evidente com o acesso ao depoimento do assassino conseguido pelo blog do Gláucio Ericeira.
Após analisar os depoimentos de Eliza Maria, esposa da vítima; de Beto Castro, Vereador que intermediou o pagamento na Seduc; e Gilbson Cutrim, assassino confesso, e compará-los com as imagens e testemunhos coletados pelo consórcio de imprensa que investiga o caso, fica claro que a investigação da polícia contém inconsistências que, de tão óbvias, fazem crer em amadorismo e incompetência dos investigadores ou simplesmente o direcionamento no sentido de proteger o sobrinho do governador.
Peça principal, ator mais poderoso e influente entre todos os envolvidos, foi Daniel Brandão quem ligou para Gilbson Cutrim (Júnior), o assassino, e o chamou para o local do assassinato.
“Júnior, é melhor tu te reunir com Beto Castro, pois tem um cara aqui com ele (Bosco) que tá totalmente desequilibrado, falando um monte de besteira é que tu tá correndo perigo. É bom vocês sentarem e resolver isso da melhor maneira”
Daniel Itapary Brandão
Chamado de “amigo” no depoimento de Gilbson, fica claro que Daniel tinha relação direta com o assassino, este por sua vez sequer conhecia Bosco pessoalmente, que foi levado para a trama por Beto Castro.
Gilbson diz em depoimento que, após a ligação do amigo Daniel, se dirigiu pra o local indicado, chegando ao Tech Office por volta das 16:20, onde já encontrou os outros 3 indivíduos.
Os registros de ligações são entre Daniel e Gilbson; Beto e Gilbson; Beto e Bosco; Daniel e Beto. E, segundo consta nos depoimentos, o momento em que Gilbson falou com Bosco por telefone, foi pelo aparelho de Beto.
Mas o único aparelho apreendido e mantido em poder da polícia até o momento é o de João Bosco. E novos questionamentos surgem a respeito do trabalho da policia.
O celular de Beto Castro foi analisado? Daniel já foi chamado a depor? O celular do sobrinho do governador foi periciado?
O que fica ainda mais claro agora é que Daniel já conhecia e é amigo de Gilbson, com tanta intimidade que foi ele quem ligou para o assassino e quem puxou a cadeira pra Gilbson sentar, no dia 19 de agosto, na mesa da lanchonete onde aconteceu o homicídio.