Ex-prefeito de uma pequena cidade, candidato a governador chega à véspera da eleição bem posicionado.
Figurando em 3º lugar na últimas pesquisas, Lahésio Bonfim pode até não ir ao segundo turno, mas será fator decisivo para definir a eleição contra o Palácio dos Leões na segunda rodada da eleição, arregimentando bolsonaristas que jamais dariam votos para Brandão.
O ex-prefeito do município de São Pedro dos Crentes, interior do Maranhão com apenas 5 mil habitantes, é natural do Piauí, e teve a maior parte de sua carreira política construída em partidos de esquerda e centro esquerda, tendo sido, inclusive, presidente do PT.
Foi no estado do Piauí onde concorreu pela primeira vez em uma eleição no ano de 2008 para o cargo de prefeito da cidade Marcos Parente, onde nasceu, filiado ao PDT, partido de Weverton Rocha, do qual também foi dirigente.
Na eleição de 2012, já filiado ao PSB, partido de Dino e Brandão, Dr. Lahésio concorreu pela primeira vez nas eleições do Maranhão, em São Pedro dos Crentes, ao cargo de vice-prefeito, numa coligação com vários partidos de esquerda e centro-esquerda, inclusive o Partido Comunista do Brasil – PC do B),
Em 2016, foi eleito pela primeira vez para o cargo de prefeito em São Pedro dos Crentes concorrendo pelo PSDB, com apoio do PT, PSB, PC do B e PSD.
Com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, Lahésio Bonfim migrou para o PSL e deu uma guinada de um extremo ao outro, saindo da esquerda para se reeleger prefeito de São Pedro dos Crentes, em 2020, por um partido considerado de extrema direita, sob a onda bolsonarista.
Lahésio conseguiu enxergar o vácuo nesse eleitorado no Maranhão e passou a encarnar melhor do que ninguém o espírito bolsonarista do discurso raso e fácil, com clichês e frases de efeito.
Beneficiado pelo desconhecimento se sua origem ideológica, Dr, Lahesio foi aceito com facilidade por essa fatia do eleitorado, que hoje, ainda que saiba, ignora suas raizes na esquerda.
De um modo ou de outro, Lahésio Bonfim chegou ao patamar político atual filiado ao PSC embalado na rede do bolsonarismo, que tem um voto “rígido”, quase impossível de ser mudado, e será o responsável pela vitória do próximo governador no segundo turno.
Há ainda outro fator a ser considerado no voto bolsonarista. Em geral, candidatos desse campo político saem maiores das urnas do que as pesquisas conseguem mostrar. Porque muitos eleitores dessa linha ideológica desconfiam dos institutos e se omitem quando pesquisados.
Lahésio Bonfim entrou nesta eleição de um tamanho e sairá muito maior. Resta saber se terá capacidade de administrar isso no segundo turno e nas próximas eleições.
Quem diria, um ex-petista é o “dono” dos votos bolsonaristas no Maranhão esquerdista.