Depois de, veladamente, medir forças com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB) admite: Carlos Brandão é, hoje, o comandante do seu grupo político no estado.
A fala do Ministro da Justiça foi feita em cerimônia de posse na última segunda-feira (2), em Brasília. Dino ressaltou que Brandão, durante mais de sete anos, foi um vice-governador fiel, que sempre esteve ao seu lado, sem nunca ter tramado contra o então governador. É verdade.
Assim como também é verdade que o então vice-governador não teve todos os espaços que desejava, e, por várias vezes, abriu mão de espaços que seriam seus para que Dino pudesse usá-los para fazer política.
Esse jeito paciente, leal e conciliador de Carlos Brandão talvez tenha feito Dino pensar que poderia tutela-lo quando [Brandão] viesse a ser reeleito para o cargo de governador. Não aconteceu.
Brandão tem vida própria, anseios próprios, e tomou para si, imediatamente, o controle político que somente a caneta leonina permite. A caneta, no entanto, não é nada sem um comandante firme e determinado a controlá-la.
Assim, Carlos Brandão tem feito articulação melhor do que Dino quando governador. Conciliador, apaziguador, tem chamado aliados e opositores para uma ampla composição que lhe possibilite ter forças e governar de forma consensual e tranquila.
Leal, Brandão negociou e tem concedido espaços aos dinistas em seu governo, mas, já deixou claro, quem comanda o trem é ele. Brandão virou martelo e não é prego pra aceitar martelada em sua cabeça. Dino que não é bobo nem nada, faz o jogo e admite, ainda que a contra gosto no seu íntimo, que quem comanda agora é outro. Martelo não briga com martelo.
E, assim, temos a harmonia quase perdida nos últimos dias de 2022, quando uma rusga nasceu entre Dino e Brandão por conta do comandando da Assembleia. Mesmo que tenham negado publicamente.
Como dizia Maquiavel, a política tem pelo menos dois lados, um exposto aos olhos do público e outro que circula nos bastidores do poder.