Sobre Juju e Cacaia
O Colunaço deste domingo relata alguns fatos curiosos em torno do episódio de contratação do Instituto Juju e Cacaia para a realização do carnaval da Prefeitura de São Luís. Após revelações da imprensa dando conta de que a escolinha de bairro seria contratada por R$ 7 milhões pra fazer o carnaval, a Prefeitura suspendeu o termo de negócio, demitiu servidores da Cultura, inclusive o secretário. “Juju e Cacaia” entrou na Justiça requerendo liminar contra a prefeitura, e o pedido foi negado. Mas, após parecer favorável e recomendação do Ministério Público, a prefeitura de São Luís retomou o negócio com o Instituto. Esse é o resumo.
Nome aos bois
Prefeito de São Luís: Eduardo Braide; Secretário de Cultura (exonerado) Marco Duailibe; Chefe do Ministério Público: Eduardo Nicolau, nessa ordem:
Coincidências
Há fatos que chamam atenção e podem parecer mostrar ligação entre atores do caso Juju e Cacaia, mas podem ser apenas coincidências. A coluna expõe e convida o leitor a fazer seu próprio julgamento.
São Nicolau
Em 24 de dezembro de 2023, o Chefe do Ministério Público do Maranhão fez uma publicação em rede social ao lado de sua mãe. Nicolau, com um gorrinho de natal, escreveu: “Eu e minha linda mãe”.
Primo
O então secretário municipal de Cultura deixou um comentário na postagem referindo-se à mãe de Eduardo Nicolau como “tia Juju”, o que revelaria seu parentesco com o Chefe do MP, seriam primos.
Codinome
Juju é o apelido de dona Jacqueline Heluy Nicolau, genitora de Eduardo, conforme registro público no perfil pessoal de uma rede social.
Um fato
O prefeito de São Luís demitiu o secretário e mais dois servidores da Cultura sem nenhuma explicação ou razão plausível, jogando sobre eles, inevitavelmente, uma nuvem suspeita, como se alguma ilegalidade houvesse sido cometida na contratação do Instituto Juju e Cacaia, ou como se o próprio Braide não soubesse da contratação. De algum modo, Jogou injustamente Marco Duailibe e os outros dois servidores na vala da corrupção, sob pretexto de que havia recomendação da Controladoria Geral do Município para a anulação do contrato. Os servidores da Cultura demitidos jamais receberam tal recomendação. Braide lascou com Marco.
O outro fato
Se Braide lascou com Marco, o Ministério Público, comandado pelo filho de Dona Juju, tia de Marco, primo de Nicolau, deu o troco ao elaborar parecer reconhecendo a legalidade dos atos de contratação pela Secult – comandada por Marquinho – do Instituto Juju e Cacaia pela Secretaria de Cultura e recomendando a retomada do contrato.
Injustiça
Calado, o prefeito Eduardo Braide se colocou na situação mais confortável possível. Deixou Marco Duailibe e os servidores exonerados “no fogo”, agora continua com o contrato com o instituto do qual sabia desde sempre, e não teve ainda sequer a dignidade de se desculpar publicamente ou apresentar justificativas para as exonerações. Pra parecer célere, o prefeito apenas demonstrou, na verdade, covardia com seus auxiliares ao decidir de maneira açodada pelo desligamento deles antes de qualquer certeza acerca dos fatos. Sem comprovada ilegalidade, o prefeito cancelou o contrato por pura pressão.
Dúvida
Por que o Chefe do Ministério Público apagou as postagens recentes de suas redes sociais, inclusive a que está publicada nesta coluna, com seus respectivos comentários? Pouco antes de o MP entrar na jogada, a postagem aqui publicada ainda estava no ar, em seguida sumiu, restando como últimas as publicações datadas de setembro de 2023, no aniversário de Nicolau.
Dúvida 2
Existe alguma ligação do ex-secretário e seus familiares com o Instituto Juju e Cacaia? As estranhas e possíveis ligações familiares neste caso tiveram algum reflexo nas decisões institucionais? Até agora não há nenhuma irregularidade ou ilegalidade comprovada em nenhum dos atos, mas por se tratar da coisa pública, é preciso questionar e refletir sobre aquilo que está posto. Afinal, tudo pode não passar de coincidências. Estranhas coincidências, ainda assim, apenas coincidências.
Família
Mais um caso de estreitas ligações familiares girando em torno de assunto polêmico na administração municipal. Sabe quem comemorou alegremente o aumento no valor do subsídio repassado aos empresários do Transporte Público pelo prefeito de São Luís? O diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte – SET, Paulo Pires. Paulo tem o mesmo sobrenome da secretária de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais de Eduardo Braide, Verônica Pires. Têm o mesmo sobrenome porque são irmãos. Mais uma das coincidências que podem não significar nada. Mas, que despertam, no mínimo, curiosidade.
Iguais
As greves de ônibus já fazem parte, infelizmente, do calendário anual de eventos na Capital Maranhense, assim como o seu uso para o proselitismo político. Em 2020, ano eleitoral, Edu Braide, então deputado federal e pré-candiato a prefeito disse que “a partir do ano que vem essa história vai mudar’. Braide não dizia “como”, e não mudou coisa nenhuma. Assim, o também agora pré-candidato a prefeito e também deputado federal Duarte Jr., o Dudu, seguindo os passos de Edu, em ano eleitoral postou que “essa realidade vai mudar”. Nem Edu nem Dudu dizem “como”. Ele deveriam começar com “como”, “como tarará, tarará”. Eles não sabem e nem podem fazer, apenas jogam para a plateia. São iguais. Um é seis, outro é meia dúzia. Não mudou com Edu, nem mudará um dia com Dudu.
Pela culatra
Tudo que Edu Braide queria era sair da greve de ônibus como herói. Conforme o Colunaço adiantou, Braide planejava aumentar o repasse de dinheiro para os empresários de ônibus em troca de uma pequena redução no valor das tarifas do transporte coletivo. Mesmo já tendo previsão legal no orçamento, Braide nao se adiantou e deixou a greve acontecer para que pudesse, ao final, surgir como o herói que conseguiu acabar com a greve e reduzir em poucos centavos o preço da passagem. Seria um ótimo enredo para a eleição em primeiro turno. Algo deu errado. Os empresários praticamente vão receber o dobro de subsídio e ainda, logo, os usuários de ônibus vão, sim, ter aumento de tarifa. Deu ruim.
O deboche
Capa do Jornal O Imparcial sobre carnaval e greve de ônibus tirou onda com o prefeito ao parodiar o hit “Posturado e Calmo”, do cantor Léo Santana, usado dias antes por Braide no palco do carnaval. Boa tirada.
Finalmente
Após intensas cobranças, inclusive desta Coluna, a Prefeitura de São Luís começou a empenhar os pagamentos da Lei Paulo Gustavo. Aos poucos, mas começou. Não deveria ser assim, afinal, o dinheiro foi enviado para a conta do Município desde o ano passado.
Patrulhamento
Nesta semana, durante dois dias, uma viatura e dois agentes da Patrulha Ambiental fizeram plantão na Região do Turu, notificando pequenos comerciantes para que realizem cadastro de “produtores de lixo” junto à Semosp. Mesmo comércios que praticamente não produzem nada de resíduos em suas atividades estavam sendo notificados. Enquanto isso…
Sem patrulhamento
…perto dali, na rua Timon, Jardim Eldorado, no mesmo período era possível flagrar com facilidade o despejo irregular de lixo em via pública. Quando anunciou a criação da Patrulha Ambiental, o prefeito usou como argumento o fato de haver descarte de lixo em vias públicas que transformam vários locais da cidade em lixões. Não se vê, entretanto, a atuação desses agentes nesse sentido. E agora, surgem constrangendo comerciantes nos bairros, no mesmo horário em que próximo a eles aconteciam as cenas abaixo.
Pra finalizar
Não é piada. Parece, mas não é. A defesa de Bolsonaro alegou que ele está com problemas de vista e que, por isso, o ex-presidente imprimiu, sem querer, a minuta golpista. Pode parecer uma desculpa esfarrapada, porque, de fato, é. Só que esse tipo de coisa é bem facinho de ser engolida por bolsonaristas tal qual um campo de relva verdejante por um manada de bos taurus. Dificilmente, a Justiça levará em conta tamanho deboche.
