Máfia de Anajatuba Reloaded
Envolto em mais um escândalo de corrupção, o prefeito de São Luís passou uma semana em silêncio. Com o sobrenome da família envolvido diretamente no caso do Clio encontrado com mais de 1 milhão de reais no porta-malas, Eduardo Braide vestiu uma camisa branca, fez uma maquiagem leve, fingiu não saber de nada, apelou para a emoção, e jogou o próprio irmão aos Leões para tentar salvar a própria pele.
De mal
O prefeito da Capital falou com normalidade sobre estar “de mal” há 3 anos com o próprio irmão Tonho Braide, chamado por ele no vídeo apenas de Antônio Carlos, omitindo o sobrenome da família. Não deveria ser encarado como algo comum um gestor vir a público e admitir que “brigou” com o próprio irmão após ter iniciado um mandato com o próprio parente agindo na administração municipal indiretamente. Por que Eduardo deixou de falar com Antônio Carlos? O desentendimento entre os dois envolve possíveis atos ilícitos no governo municipal? Foi algum desacordo em possíveis negociatas?
Trânsito Livre
Curiosamente, Tonho Braide exerce influência na administração municipal, mantendo, inclusive, pessoas de sua confiança empregadas na prefeitura. O irmão com o qual Braide afirma estar “de mal” é conhecido por empresários que prestam serviços para a prefeitura de São Luís como uma espécie de “facilitador” para a resolução de “problemas” na administração do irmão, como, por exemplo, liberação de pagamentos. Supostamente, é claro. Supostamente.
Falando nisso
Surgiram prints que seriam atribuídos a empresários do ramo da construção civil que fazem obras para a prefeitura dos irmãos Braide. Em um dos registros, um empresário fala com um jornalista relatando que para receber pagamento da prefeitura precisou pagar uma propina de 20%. O esquema seria operado por um tal de “Tony Braid”, e estaria afetando vários empresários. Será que o Tony Braid citado seria Tonho Braide? Será que o dinheiro encontrado no “carro do milhão” é fruto de propina nas obras da prefeitura? Veja o Print abaixo:
De novo
Não é a primeira vez que a família Braide vira manchete sobre esquema de corrupção. Um dos casos mais famosos ficou conhecido como “Máfia de Anajatuba”, e envolveu emendas e um assessor do então deputado Eduardo Braide, além de seu próprio pai, Carlos Braide, e o prefeito da cidade de Anajatuba. O caso foi parar no Fantástico, da Rede Globo, no quadro “Cadê o Dinheiro Que Estava Aqui?”, e é facilmente encontrado na pesquisa do Google. A Máfia de Anajatuba foi usada para desviar recursos de várias prefeituras, e teve um assessor de Eduardo Braide condenado. Braide saiu praticamente ileso, deixando, assim como no caso do “carro do milhão”, a bronca para terceiros.
Corrupto, sim; socialista, não.
Apesar do esquema de corrupção que pode estar por trás do “carro do milhão”, há uma parcela considerável de eleitores que não arreda o pé de votar pela reeleição de Eduardo Braide. O Colunaço teve acesso a informações de uma pesquisa qualitativa que aponta um dado desastroso: tem eleitor que não liga pra corrupção. Exatamente. Mesmo que seja provado sem sombra de dúvidas o envolvimento do prefeito com corrupção e desvio de dinheiro público, “o importante é que ele tá trabalhando”; e que “não pode entregar a prefeitura na mão de um socialista”. Corrupção? Roubo de dinheiro? Para esse eleitor não é problema. Eduardo Braide pode roubar, desviar e ser corrupto. O importante é não deixar Duarte ganhar a eleição. Vai entender, né?
Baobá
O deputado federal e candiato a prefeito de São Luís pelo PSB, Duarte Jr., poderia muito bem ser o maior beneficiário da eleição em cima do caso de corrupção envolvendo a família Braide. E, na verdade, Duarte até cresceu um pouco na intenção de votos nos últimos dias, segundo levantamentos de consumo interno. Cresceu acima da margem de erro. No entanto, o questionamento é: será suficiente para desbancar Eduardo Braide? Ainda não. Em uma projeção matemática, diante dos números divulgados até agora, Duarte levaria muito mais tempo que os dias que restam até a eleição para suplantar o favoritismo de Braide. Será necessário que ocorra algum fenômeno no período de propaganda eleitoral capaz de desbancar o prefeito. E não só isso. Algo capaz de fazer com que Duarte seja o herdeiro do saldo eleitoral. O eleitor ainda se questiona se vale a pena trocar um pelo outro. Duarte precisa conquistar corações e mentes antes dos votos.
“Polícia de Brandão”
Em pesquisa qualitativa, uma frase dita por um cidadão pode apontar uma linha de argumento para a campanha de Braide adotar como narrativa de “defesa” no caso do “carro do milhão”: “isso tudo é armação da polícia de Brandão”. Em sua ignorância pura e bruta, tem eleitor que acredita piamente que, sim, o governo Brandão usou a polícia, se não para armar contra a família Braide, mas, pelo menos, para perseguir o prefeito com uma investigação montada em véspera de eleição para desestabilizar o pleito em favor do candidato do Palácio. Já pensou se o prefeito começa a alegar que a mesma polícia que protegeu o sobrinho do governador no caso Tech Oficce agora tá partindo pra cima da família dele? Olha, que isso tem um potencial maior do que o texto deprimente lido por Eduardo Braide no vídeo em que ele jogou o irmão aos Leões.
Cassado e inelegível
Não foi bom o saldo do julgamento do agora ex-vereador Domingos Paz pelos seus próprios pares. Acusado de crimes sexuais, Paz agora cassado permanecerá inelegível por 8 anos. O resultado bem que poderia ser diferente se não tivesse havido pressão popular e até participação forte do deputado estadual Yglésio Moisés, que tomou o caso pra si, repercutindo em suas redes sociais e na tribuna da Assembleia Legislativa. Até um outdoor foi colocado em frente ao Parlamento Estadual com a “ameaça” de expor vereadores que se acovardassem no julgamento de Domingos.
Assertô, miserávi
Os mais atentos observadores da cena política notaram que o deputado Dr. Yglésio mudou bastante sua abordagem em rede social. Candidato a prefeito de São Luís, o Dr. tem focado nas críticas à gestão de Braide, apontando caminhos para discutir a cidade, e, melhor do que qualquer outro candidato, tem puxado temas de interesse real do eleitor, que enfrenta os reais problemas da cidade. Melhor do que ficar dando uma de influencer bolsonarista jogando alfafa pra gado o dia todo na internet, com temas irrelevantes ligados à pauta de moral e costumes, que nada tem a ver objetivamente com o que o cidadão enfrenta no dia a dia da cidade. Yglésio pode ser a alternativa diante da dualidade tola de DUDU x EDU empurrada para 2024.
Obra eleitoreira
Você já observou que uma obra executada em ano eleitoral e claramente com objetivos eleitoreiros anda com mais celeridade? Assim foi com o VLT de Castelo em 2012, e assim está acontecendo com o elevado construído pela prefeitura de São Luís nas proximidades do aeroporto. Deixada para ser executada apenas no último ano de mandato de Eduardo Braide, a obra está em pleno vapor, com a promessa de que no próximo mês, em pleno período de propaganda eleitoral, já haja trânsito de veículo. Uma boa vitrine para quem busca a reeleição. Se fosse noutro período, uma obra desse porte demoraria pelo menos 1 ano e meio, mas, como há interesse eleitoral, o tempo encurta.
Sem Passinho num passinho
A advogada Isabelle Passinho “desistiu” da candidatura à vice de Duarte alegando questão de saúde. Longe de esta coluna questionar as motivações pessoais da moça. Mas, alertamos neste espaço que Duarte nunca quis Passinho como vice, apesar de muita gente achar que foi ele quem a elevou ao posto. Pouca gente sabe que o nome da advogada foi algo comprado pelo governador que decidiu pessoalmente pelo nome dela. O Colunaço acredita na possibilidade de que o próprio Duarte tenha dissuadido sua ex-assessora da ideia de ser vice, afinal, o deputado foi o primeiro a jogar um balde de água fria nessa pretensão da moça. Nós avisamos.
(In) direta
O ex-secretário de Comunicação da prefeitura de São Luís, o jornalista Igor Almeida, anda muito amostradinho em seu Instagram. Igor deixou a Secom de Braide sem que se soubesse com precisão o que aconteceu, mas, se sabe que a saída não foi lá muito amigável, apesar de o jornalista não ter levantado polêmicas em torno disso. Só que, de vez em quando, ele postando umas indiretas, desde quando estourou mais um caso de corrupção no governo Braide, dos quais Igor se livrou de ter de enfrentar na Comunicação.
