Colunaço do Cappêta 01/09/2024

Nem fede nem cheira

Será que já surtiu ou surtirá algum efeito a participação de Lula e Bolsonaro nas eleições de São Luís? Enquanto o presidente Lula pede voto para Duarte Jr , que tem apoio do PL – o partido do Bolsonaro -, o ex-presidente pede voto para Yglésio. Tanto Lula quanto Bolsonaro têm prometido agenda presencial na capital maranhense. Até agora, a aparição dos dois políticos nacionais na campanha em São Luís não fez efeito, se fez, é tão insignificante que não pode ser notado. Até agora. Yglesio e Duarte não mudaram seus respectivos patamares nas pesquisas e mantém desempenho – ainda que de crescimento – dentro do esperado.

Nem fede nem cheira mesmo

Não há histórico eleitoral no Maranhão, especialmente em São Luís, que demonstre ser Lula um fenômeno de transferência de votos em favor de seus apoiados. Em 2008, Flávio Dino perdeu a eleição de prefeito sendo “o candidato do Lula”. Em 2012, o candidato do PT a prefeitura de São Luís ficou em 4º lugar com Lula pedindo votos na TV. Mesma posição amargou Rubens Jr. em 2020 com apoio de Lula. Na disputa de governo, em 2006, Jackson Lago derrotou Rosena Sarney apesar do apoio de Lula que teve mais de 75% dos votos no estado. Lula não é e nunca foi garantia de vitória para nenhum candidato em São Luís, nem sequer conseguiu fazer uma grande diferença na campanha de seus apoiados.

Lula pede voto para Duarte

Mais fede do que cheira

Assim como em São Luís, na cidade de Imperatriz a tal “candidata de Bolsonaro” nesta eleição não colhe grandes frutos desse apoio. Mariana Carvalho não consegue ficar nem entre os 3 primeiros lugares na pesquisa. Pior que Lula quando se trata de preferência no estado, Bolsonaro às vezes causa efeito contrário, e gera até mais repulsa do que simpatia quando declara apoio a alguém no Maranhão. E olha que Imperatriz é das cidades mais direitistas daqui. Na cidade de São Paulo, pesquisas indicam que o “candidato de Bolsonaro” estará fora do 2º turno. Dificilmente, Yglesio vai alçar mais do que um voo de galinha se depender somente do apoio de Bolsonaro.

Bolsonaro pede voto para Yglésio

Isolado

O prefeito Eduardo Braide foi flagrado em ato de campanha isolado por um cordão humano para evitar aproximação de populares. Enquanto interagia com um eleitor na porta da residência, seguranças ou correligionários impediam que alguém mais pudesse se aproximar de Braide. Adepto de uma prática política de isolamento, sem diálogo com vereadores, sem aproximação com a classe política e antipático com a imprensa, Braide precisa se esforçar para também estar próximo do eleitor, mas, se puder nem se aproximar, seria o ideal.

Braide fazendo campanha em cordão de isolamento

Dois pesos

A prefeitura de São Luís começou uma obra de ampliação da avenida Ana Jansen, no bairro São Francisco, aos moldes do que já fez em outras avenidas, suprimindo parte da calçada para alargar a faixa de asfalto. Chama atenção, no entanto, que no trecho em que está o prédio da TV Mirante a prefeitura não mexeu. As calçadas dos imóveis antes do prédio da Mirante e logo em seguida, foram quebradas, inclusive a do Banco do Brasil ao lado da TV, mas a calçada utilizada como estacionamento pela TV da família Sarney, ficou intacta.

Prefeitura “pula” calçada da Mirante

Nome às coisas

A retirada de Felipe Camarão da Secretaria de Educação feita pelo governador Carlos Brandão gerou manifestações covardes de seus companheiros dinistas nas redes sociais. Nenhum, exceto o deputado Othelino Neto, chamou o ato de Brandão pelo nome certo: traição. O comunista foi o único a usar suas redes sociais para relembrar que o governador do estado vem reiteradas vezes quebrando acordos políticos e o pacto realizado que lhe permitiu chegar à cadeira número 1 dos Leões.

Oposição ao governo, Othelino dá nome às coisas

Falando nisso…

Felipe Camarão foi defenestrado da Seduc sem reação. Pacífico e passivo, Camarão perdeu o timing de colocar o governador Brandão como traidor, o que deveria ser feito na primeira tentativa de retirar o vice da Educação com a invencionice de colocá-lo como coordenador de campanha de Duarte Jr. Não se faz omelete sem quebrar os ovos. Não dá pra ficar num joguinho de poder, numa guerra fria, onde as diferenças de forças são brutais. O tempo corre em favor de Brandão, que usa o tempo para retirar paulatinamente os espaços e a possibilidade de reação de Camarão e da turma deixada por Dino. É como a teoria do sapo na panela, que vai se ajustando à temperatura até que a água ferve e ele já não pode mais escapar de ser cozido. Nesse caso, o Camarão demorou pular da panela.

Traído, Camarão foi fiel

Do ideal para o real

O coletivo de vereadores “Nós” se rendeu ao sistema e deixou para trás a política ideal, pela qual foi eleito. “Nós” agora é igual a “eles”. “Nós” agora prefere a política do real, com as mesmas práticas de campanha contra as quais lutou para se eleger. Replicando o sistema vigente, “Nós” parece ter deixado para trás a prática contra os opressores, se juntando às práticas do sistema, mantendo, no entanto, apenas o discurso em favor dos oprimidos como forma de ser aceito como parte dos opressores. “Nós” parece ser progressista, mas demonstra agora nas práticas de campanha que apenas progrediu em direção à tradicional política. “Nós” faz parte do sistema, apoia o candidato do sistema e faz campanha usando o sistema.

Eleitor lamenta adesão de “Nós” ao sistema.

Aproveitador

A família do Dr. Jackson Lago reagiu com revolta ao uso da imagem do ex-prefeito de São Luís e ex-governador do estado pelo candidato do PDT à prefeitura de São Luís. Fábio Câmara nunca esteve ao lado de Jackson quando em vida. Ao contrário, Câmara fez parte de um grupo político que combatia Jackson Lago e o PDT em suas ideias e nas disputas políticas e eleitorais. Não há um registro de Câmara nas conspícuas lutas travadas por Jackson. Mas há registros de Câmara ao lado de Ricardo Murad, João Alberto, Roseana Sarney. Tem razão a família de Dr. Jackson.

Sem fotos com Jackson, Fábio Câmara recorre à ilustração desenhada

Crimes eleitorais

O vereador Thyago Freitas foi flagrado em um evento de campanha confessando que o governador Carlos Brandão lhe propiciou cargos na Saúde para serem usados como ferramentas de campanha eleitoral. Em sua própria fala, o político admitiu que isso não é certo, ainda assim, aceitou. No mesmo evento de campanha, foi realizado um bingo para distribuição de brindes, mais uma ação vedada pela legislação e, portanto, ilegal e criminosa. Tanto o governador quanto o vereador poderiam e deveriam ser investigados e responder à Justiça. Mas, aí é sonhar demais num estado dominado do legislativo ao judiciário.

Vereador confessa crime eleitoral em campanha

Crimes eleitorais II

Outro Tiago, dessa vez o secretário do governo Brandão, convocou servidores da Saúde para um evento com o pretexto de “discutir diretrizes” de um programa institucional. Chegando lá se tratava, na verdade, de evento político em favor do candidato Duarte Jr. Os servidores tinham até que assinar lista de convocação e de presença. A falta de pudor e a confiança na impunidade fazem com que o próprio secretário use suas redes sociais para postar imagens com dizeres que atestam o caráter eleitoral do evento em favor do candidato governista.

Evento institucional transformado em campanha eleitoral

Prosperidade

O vereador Paulo Victor, presidente da Câmara de vereadores de São Luís aumentou em 20 vezes seu patrimônio pessoal em apenas um mandato. Eleito em 2020, PV declarou pouco mais de R$ 103 mil reais em patrimônio naquele ano. Neste ano, o vereador disse a Justiça Eleitoral que possui R$ 2 milhões de reais em bens. Uma evolução patrimonial quase 2.000% maior, o que dá uma média de prosperidade de mais de 500% por ano. O salário de um vereador é de cerca de R$ 15.000,00/ mês. Sem considerar os descontos e nenhum outro gasto na vida, daria pra acumular somente R$ 720 mil ao final de 4 anos. Apesar de quintuplicar seu patrimônio pessoal a cada ano de mandato, PV foi visto andando de busão para fazer campanha. Que todo cidadão comum tenha a sorte de tamanha prosperidade e continue humilde no coletivo. Deus abençoe.

Brandão ao lado de Paulo Victor, homem de prosperidade espetacular.

Jeisael.com