PF investiga fraudes em procedimentos de dispensa de licitação no município de Caxias, com o desvio de recursos públicos federais da área da saúde.
Pouco depois das 5:00h da manhã, a Polícia Federal chegou ao Edifício Casa do Morro, no bairro Ponta do Farol. Apenas 1 viatura com 1 delegado e 3 agentes, que acessaram a portaria e foram direto ao apartamento 400, no quarto andar do prédio.
Assustada, a empregada quis saber quem estava batendo à porta, pois ninguém havia interfonado da portaria para avisar. Ela foi informada para abrir a porta pois era a Polícia Federal.
Os agentes entraram no apartamento e lá permanecem até este momento. Pelas informações que recebemos, o imóvel pertence à família de Amanda Gentil, filha do prefeito de Caxias e deputada federal eleita, e ela costuma passar parte da semana no apartamento, em São Luís.
A OPERAÇÃO POLICIAL
A Polícia Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União no Estado do Maranhão, deflagrou, nesta quarta-feira, 19, nos municípios de Caxias, São Luís, São José de Ribamar, Teresina/PI e Cajueiro da Praia/PI, a OPERAÇÃO ARCONTE visando desarticular grupo criminoso investigado pelo cometimento de crimes contra a Administração Pública.
Os investigados realizavam fraudes em procedimentos de dispensa de licitação no município de Caxias, onde o pai de Amanda, Fábio Gentil, é prefeito, com o desvio de recursos públicos federais da área da saúde, constando dentre esses, verbas públicas que deveriam ser aplicadas no combate à pandemia de COVID-19.
Apurou-se durante as investigações a participação de servidores públicos e empresários da área de saúde que recebiam o repasse de recursos públicos do município de Caxias.
A Controladoria-Geral da União identificou que, embora existissem no município de Caxias, 52 empresas com potencial para serem contratadas pelo município, as dispensas de licitação eram direcionadas para a contratação de empresas diretamente ligadas aos servidores públicos e particulares investigados. Somente em relação a duas empresas investigadas foi realizado o repasse total de aproximadamente R$ 9,45 milhões.
Estão sendo cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região – TRF1 em decorrência de representação feita pela Polícia Federal. Para o cumprimento das medidas judiciais, estão sendo empregados 160 policias federais e servidores da CGU. Os investigados poderão responder pelos crimes de peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, dentre outros, com penas que podem chegar a 43 anos de prisão.
** A operação denominada Arconte se refere ao termo grego arkhon, que significa o responsável por um “cargo”. Sendo batizada dessa forma, pois os investigados foram flagrados em vídeos negociando diretamente não somente o repasse de recursos públicos com as empresas investigadas, mas também a nomeação de cargos na Administração Pública, em troca da obtenção de vantagens indevidas.