O Circo
O prefeito de São Luís e o governador do Maranhão protagonizaram uma disputa bizarra pela posição de “rei do carnaval”. Com deboches de um lado e de outro, contenda pelo local de realização da festa, pagamentos de cachês exorbitantes e acima da média dos próprios artistas contratados, o carnaval de Braide e Brandão também se assemelha na “organização” atabalhoada, sem planejamento, fazendo com que, por exemplo, não fosse possível explorar sequer todo o potencial turístico da festa. A bizarrice inclui ainda a vaidade dos dois gestores em cima do palco entoando canto desafinado e anunciando atrações como mestres de cerimônia. Um mico.
Sem pão
Passado o espetáculo do picadeiro momesco, o cidadão maranhense se depara com o aumento de 10% no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que passa de 20% para 22%. Outro presente do governador Brandão foi a suspensão do fornecimento de alimentação para servidores da Segurança Pública. Já no município de São Luís, a maioria dos alunos da rede municipal de ensino não conseguiu realizar matrícula. Pelo calendário, a data de início das aulas é 29 de janeiro. Só que a previsão de matrícula agora é só para o mês de março. Os responsáveis pelos alunos estão desesperados.
Fórmula mágica
Dormir no mandato durante 3 anos; não cumprir promessas de campanha; jogar asfalto na cidade no último ano de gestão; fazer arquivo de imagens das obras para usar na campanha eleitoral. O prefeito de São Luís aplica o mesmo método que outros políticos tradicionais. Para além de obras eleitoreiras no último ano de mandato, Eduardo Braide também sabe fazer uso do “circo” mais do que do “pão” para conquistar a simpatia do povo. Após realizar um carnaval de “sucesso” com alto custo para os cofres municipais – e com suspeitas de irregularidades e superfaturamento -, Braide deve apostar ainda nas Festas Juninas para manter o cidadão entretido e anestesiado para que não se lembre das mazelas da gestão municipal até o mais próximo possível da eleição.
Mais do mesmo
Enquanto os bairros da periferia enfrentam buracos e alagamentos, a Prefeitura de São Luís sob comando de Braide joga asfalto em cima de asfalto nas avenidas e ruas de bairros de classe média, tal qual fizeram seus antecessores Edivaldo Jr. e João Castelo. Braide não anda na periferia, a não ser para fazer vídeos para as redes sociais, e desconhece os reais problemas de infraestrutura da cidade.
Parece, mas não é
Em face de um temporal que caiu na capital maranhense na segunda-feira de carnaval, e que causou estragos pela cidade, Eduardo Braide postou um vídeo em rede social informando que estava junto com o secretário de obras, na manhã de terça-feira, “dando uma volta na cidade”. Tentando se mostrar um gestor presente e preocupado, Braide estava dentro do carro, na avenida dos Holandeses. Não se viu o prefeito com o pé no chão num bairro de periferia ou presente no hospital Socorrão que enfrentou problemas graves de alagamento. Para o prefeito, o importante é parecer ser.
3 por 1
O maranhao tem a 4º pior bancada de deputados em Brasília, segundo levantamento do Ranking dos Políticos, plataforma que inclui dados sobre presenças nas sessões, economia de verbas, processos judiciais e, principalmente, as votações dos parlamentares nas decisões mais importantes do Congresso. Com pontuação que vai de zero a 10, as piores colocações ficaram com Rubens Pereira Jr. (PT) com 2,62 pontos; Roseana Sarney (MDB) com 3,24 pontos e Márcio Jerry (PCdoB) com 3,26. Se juntar os 3 não dá um 10. Uma potência.
Disfarce
O governo do Maranhão encontrou uma maneira para mitigar o péssimo efeito visual do novo viaduto da Holandeses. Com um gigante impacto urbanístico de um paredão que impede a ventilação e a visão da orla marítima, a construção utiliza uma técnica mais barata, porém, ultrapassada, que não foi utilizada nem em viadutos mais antigos da capital. O projeto não levou em conta a harmonia e a integração com a paisagem local, e o que resta agora é tentar disfarçar a cagada. A base do paredão de bloco e concreto está recebendo uma camada de terra para a aplicação de grama e, assim, “fingir” que o monumento à ignorância que é tenha sido erigido em um morro.
No mesmo ônibus
O Colunaço mostrou aqui, no domingo passado, que o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte, Paulo Pires, tem o mesmo sobrenome de uma secretária do prefeito Eduardo Braide, a Veronica Pires. São irmãos. O tipo de ligação no mínimo esquisita, considerando os interesses envolvidos e os resultados alcançados nas negociações entre prefeitura e empresários de transportes. Um atento leitor enviou ao Colunaço a informação de que ambos têm o mesmo sobrenome de um conhecido empresário de ônibus da capital, Benedito Pires, que dá nome à empresa São Benedito, que opera o transporte coletivo na capital com a Planeta, cujo filho David figura como proprietário. Tudo num Pires só. Ou num ônibus só.
A onda
O vice governador Felipe Camarão (PT), naturalmente na linha de sucessão política e eleitoral do governador Carlos Brandão, precisa ficar acordado para não ser levado pela “onda”. Um experiente político observador da cena política e cheio de informações dos bastidores do poder disse ao Colunaço que, apesar do compromisso assumido por Brandão com Flávio Dino de que vai renunciar para concorrer ao Senado em 2026, deixando Camarão como governador para concorrer à reeleição sentado na cadeira, os irmãos do governador dizem que isso não vai acontecer. Os Brandão entendem que o poder conquistado com o cargo de governador não pode ser “devolvido” assim de mão beijada, e pretendem construir outra alternativa para que não seja Felipe o governador. A onda dos irmãos Brandão quer levar o camarão pra longe desse mar.
Contra
Você sabia que o deputado Fernando Braide tem se posicionado sempre contra o aumento de taxas e de impostos pelo governo do estado? Numa Assembleia Legislativa controlada pelos rugidos dos Leões, a posição do Braide Caçula não deve ser fácil. Mesmo com postura parcimoniosa, Fernando tem sido firme em não se dobrar para posições contrárias ao que acredita. O deputado já manifestou diversas vezes a opinião de que é preciso que o estado encontre meios sustentáveis e inteligentes para aumentar a arrecadação sem esgoelar o contribuinte. Na prática, Fernando já apresentou projetos de Lei nesse sentido, demonstrando que não basta fincar pé apenas na crítica vazia, é preciso apresentar alternativas.
Amigo da onça
O prefeito Eduardo Braide vem acumulando um histórico nada auspicioso entre seus auxiliares. Com alguns casos públicos e outros nem tanto, Braide tem descartado e permitido serem descartados de modo até mesmo cruel pessoas próximas a ele. Foi assim, por exemplo, com o ex-secretário municipal de Comunicação, um auxiliar de longas datas. Não ficaram claros os motivos da saída de Igor Almeida, mas o texto publicado por ele anunciando seu desligamento não fez menção ao prefeito e deixou parecer haver alguma mágoa. Recentemente, Braide jogou Marco Duailibe e mais dois auxiliares da Cultura na fogueira, em meio a suspeitas não confirmadas de irregularidades em contrato do carnaval. Duailibe foi demitido por telefone, sem chance de defesa. Abandonado. Mas há outros casos que não vieram a público de gente com proximidade pessoal e de longas datas com o prefeito que foram escorraçadas da administração municipal sem dó nem piedade.
Pra encerrar
Você sabia? A empresa Vale foi a principal patrocinadora do carnaval do governo do estado, responsável pelos cachês milionários de artistas. A Vale, em novembro de 2023, foi multada pelo governo em R$ 250 milhões por crime ambiental, na cidade de Alto Alegre do Pindaré, onde 18 vagões pegaram fogo com 2 milhões 360 mil litros de combustível, deixando um rastro de contaminação. O crime ambiental foi esquecido? A multa foi retirada ou será paga? Que tipo de negociação foi feita com a empresa? O patrocínio do carnaval tem algo a ver com alguma negociação obscura nos porões da SEMA? Perguntar não ofende, ou ofende?