Caso Bosco: como a polícia agiu para esconder Daniel Brandão na investigação – CAPÍTULO 1

A partir de hoje, vamos revelar como o sobrinho do governador foi poupado pela polícia desde o início dos levantamentos e da divulgação do caso

Antes de iniciarmos é necessário pontuar que os fatos aqui narrados se baseiam em investigação paralela dos depoimentos e imagens, feita por uma equipe de jornalistas independentes, tudo devidamente apurado, checado e documentado.

Vamos dividir o tema em CAPÍTULOS para melhor compreensão dos leitores, e , antes, trazer um resumo para contextualizar.

Resumo

No dia 19 de agosto de 2022, o empresário e servidor da Secretaria de Estado da Educação – SEDUC, João Bosco Sobrinho, foi assassinado a tiros por Gilbson César Cutrim, sócio do Jornal Itaqui-Bacanga que agiu como lobbysta para o recebimento de um pagamento junto à SEDUC no valor de R$ 778 mil para a empresa SH Vigilância, parado no governo desde 2014.

O assassino foi contatado por telefone pelo secretário Daniel Itapary Brandão, titular da Secretaria de Estado de Monitoramento de Ações Governamentais – SEMAG, e chamado para uma reunião no edifício Tech Office, onde, junto com o vereador Beto Castro, Bosco e Gilbson, sentados na mesa de uma lanchonete, trataram do acerto sobre o percentual de uma “comissão” em cima do pagamento feito pela SEDUC. Após um desacerto e momentos de discussão, Gilbson assassinou Bosco.

Para saber mais sobre o caso, leia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

CAPÍTULO 1:
A polícia omitiu imagens da cena do crime

Assim que chegaram à cena do crime, no final da tarde do dia 19 de agosto de 2022, o delegado Murilo Tavares e os investigadores começaram a colher informações e analisar as imagens das câmeras de segurança do prédio.

Aqui é possível ver o momento em que os policiais se reúnem, ainda no terraço do prédio, há poucos metros do corpo da vítima ao chão, e formam um círculo para ver nas imagens de câmeras de segurança do local a dinâmica do crime.

Pela imagens, os policiais viram que a vítima, João Bosco, chegou ao local acompanhado de duas pessoas. Uma delas, o vereador Beto Castro, que permaneceu no prédio depois que Bosco foi executado. A outra pessoa, um rapaz careca, branco, alto de porte atlético, bem vestido, características peculiares, alguém incomum. Não se pode dizer que seria difícil identificar essas características no meio de uma multidão. Essa quarta pessoa já não estava lá.

A viúva de Bosco, Eliza Maria, chegou ao local do crime e teve acesso a um trecho das imagens das câmeras de segurança, ao que parece, cuidadosamente selecionado pela polícia, onde permitiu apenas que ela pudesse ver esse quarto elemento incomum de costas e como se fosse apenas alguém qualquer na cena, sem envolvimento com a dinâmica do crime. Assim, naquela mesma noite, quando prestou depoimento ao delegado Felipe Augusto Ponte Freitas, plantonista da Homicídios, Eliza relatou:

“QUE depois viu as imagens de câmeras de segurança da região e nelas mostram que BOSCO, BETO e o rapaz careca chegaram juntos a TAPIOCA DA ILHA e sentaram em uma mesa e passaram a conversar;”

Ao prestar depoimento naquela mesma noite, sob forte emoção e impactada com a perda do marido, Eliza poderia ter se confundido ao dar alguma informação, ou mesmo ter sido sugestionada e induzida involuntariamente a narrar os acontecimentos de forma que pudesse influenciar na versão oficial que seria contada pelo polícia. Mas, isso é assunto para os próximos capítulos, onde revelaremos inconsistências nos depoimentos.

Ainda sobre o tema deste CAPÍTULO 1, no mesmo dia do crime, 19 de agosto, passam a circular imagens do momento em que Bosco foi assassinado. Imagens de um único ângulo, ao que parece, selecionadas para que fosse possível identificar apenas 3 elementos na cena: Beto, Bosco e Gilbson.

As imagens vazadas pareciam atender a um propósito de forma que pudesse influenciar na versão oficial que seria contada pelo polícia.

No dia seguinte, 20 de agosto de 2022, mais uma imagem é vazada. Um frame da câmera da saída do estacionamento, qua flagrou o assassino caminhando tranquilamente enquanto guardava a pistola na mochila. mesmo com a posse de imagens com melhor resolução, foi com essa imagem, em baixa definição que a polícia diz ter identificado o autor dos disparos.

Em poder da polícia estão imagens de várias câmeras de segurança do prédio Tech Office e de outros estabelecimentos. A única razão para que essas imagens sejam omitidas é a presença de Daniel Itapary Brandão, sobrinho do governador. Aliás, na há outra razão para que o inquérito esteja em sigilo e os delegados proibidos de falar sobre o caso.

Por que os estabelecimentos receberam ordens para apagar as imagens?

Por que vazar apenas imagens onde Daniel não aparece?

Por que mostraram à viúva apenas imagens onde Daniel aparece de costas?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Jeisael.com