Camaleão
Prestes a ser sabatinado no Senado, Flávio Dino mimetiza outra pele para chegar ao STF. De hora pra outra comedido nas palavras, ponderado e equilibrado, nem parece o ministro debochado e belicoso com “adversários” agora donos de votos para sua chegada à Suprema Corte. Se parece muito com o político que desejava chegar ao poder em 2014 no Maranhão, e com o Dino que precisou pedir apoio à candidatura do seu pupilo nas eleições de 2020 em São Luís para tentar não perder para Braide: um homem de voz mansa e olhar de gatinho do Shrek. Haverá nova troca de pele em breve.
O mundo capota
Como o destino é debochado. Pouco mais de 1 ano após as eleições de 2022, quando Flávio Dino e Weverton Rocha estiveram em lados opostos, com trocas de “afagos e carinhos”, destino de um foi parar nas mãos do outro. Tá, escrever desse jeito é meio que forçar a barra, mas a situação é que Werverton é o relator da indicação de Dino ao Supremo, e poderia até, sei lá, criar algum atrapalho. No entanto, a “briga” da eleição está superada e Rocha tem aparecido ao lado de Dino e defendido sua aprovação para o novo cargo.
Sem almoço grátis
Não por acaso Weverton foi escolhido pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre, relator da indicação de Dino. O movimento ajuda muito mais Weverton do que Dino. De algum modo, Rocha espera poder construir um caminho melhor para seu futuro político, notadamente na eleição de 2026 no Maranhão. Mas, isso é assunto que merece mais espaço e atenção da coluna. Em breve.
Encosto
Visto como um atrapalho para planos políticos petistas e alguns movimentos de Lula, a “retirada” de Dino da política é um alívio para o presidente e para o PT. Flávio, na verdade, está sendo tirado do caminho. O comportamento beligerante do ministro da Justiça interfere na aproximação do governo com algumas figuras do Congresso. A presença de Dino até mesmo constrange Lula de fazer negociações políticas vistas como não muito republicanas, mas que o petista entende que devam ser feitas. Espaçoso e midiático, Dino causa mal estar em outros membros do governo e faz sombra para o presidente, que não quer nem precisa de alguém para dividir protagonismo.
Sem novidade
Desde antes da eleição de Lula já se falava que Dino poderia ser indicado para o STF, e ele fez o jogo para isso acontecer, mesmo tendo negado publicamente o interesse. Relembro o que disse o Colunaço em 18/06/23
Vale tudo
Como já aconteceu noutras oportunidades, Dino recorreu a José Sarney para articular junto a alguns senadores mais votos favoráveis para sua indicação. Imediatamente, o velho oligarca acionou alguns contatos e garantiu de pronto o apoio de senadores que rezam sua cartilha. É mais um favor que Flávio fica devendo a José, tão combatido e esculhambado por Dino num passado recente.
Mais uma
Flávio Dino enviou “Carta Compromisso” para o Senado prometendo “atuação técnica e imparcial”. Em 2021, o Dino governador do Maranhão também inventou uma “Carta Compromisso” que visava o diálogo e o entendimento para a escolha dos candidatos majoritários do grupo político por ele liderado para disputar a eleição de 2022. Pouco tempo depois, Dino rasgou a Carta e impôs sua “escolha pessoal” que precisou ser engolida. Com esse histórico, a Carta ao Senado pode ser apenas mais uma. O tempo dirá.
Duarte contra Dino
É bem verdade que os afilhados políticos de Flávio Dino não estão satisfeitos com a orfandade precoce, mas ninguém manifesta contrariedade à ida do seu líder ao STF. O deputado Duarte Jr., entretanto, achou um jeito de contrariar o discurso de Flávio. Enquanto o ministro promete “atuação técnica e imparcial”, Duarte “ameaça” colega de parlamento sugerindo que, ao chegar no Supremo, Dino vai perseguir políticos adversários dos “seus”. Em sessão nesta quinta-feira, o deputado maranhense direcionou fala ao colega André Fernandes: “Chora, pode chorar, porque o ministro agora virou supremo e a tua hora vai chegar”.
Vade Retro
O presidente Lula vetou a possibilidade de o atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, assumir interinamente o comando da pasta após a indicação de Flávio Dino ao STF. O veto foi dado por Lula durante a reunião com Dino e outros ministros do governo, na segunda-feira (27/11), no Palácio da Alvorada, quando o presidente anunciou ter escolhido o ministro da Justiça para a Corte.
Viagem no tempo
Num pomposo evento realizado na última sexta-feira (01), o MDB maranhense ressurge sob comando do irmão do governador Carlos Brandão no volante do Delorean. À bordo da máquina do tempo estão Roseana Sarney, João Alberto e outras figuras de um recente passado quase esquecido. Nem mesmo Marty McFly e o doutor Emmet Brown poderiam imaginar esse futuro.
Raios
Ao acelerar o Delorean, deixar um rastro de fogo no asfalto e rasgar o espaço-tempo Marcus Brandão foi até os anos 90, embarcou os Sarneys na máquina e ressurgiu com o brilhoso veículo inoxidável no estacionando do Centro de Convenções dando ao velho grupo renovado as boas vindas do “futuro”.
Sobrevivência
No evento emedebista, estavam alguns órfãos do dinismo, quem diria. Sem um malvado favorito pra chamar de seu – com Dino no STF – os mínions comuno-socialistas precisam se movimentar na tentativa de pertencer ao bando de patos sem o pato manco. Presentes no evento, gente como Felipe Camarão, Duarte Jr., Ricardo Cappelli e outros remanescentes do governo Dino. É, parece que, hora ou outra, todo mundo faz coisas ruins pra sobreviver.
Sabe quem é mamãe?
Um dos programas de maior sucesso para os políticos é o “Meu Primeiro Emprego”. Não aquele criado no governo Roseana, mas aquele em que filhos e filhas de políticos conseguem garantir como primeira ocupação na vida um carguinho, eletivo ou não, na estrutura pública. Pra ficar apenas em alguns nomes conhecidos, lembremos Rubens Pereira Jr., André Fufuca, Eduardo Braide, Amanda Gentil… E vem muito mais por aí com filhos de deputado(a)s e de outros políticos, mal saídos da adolescência ou ainda nela, disputando prefeituras ou cadeiras em câmaras municipais em 2024. Se ainda tem eleitrouxa pra votar, tem malandro pra se candidatar.
Trânsito Livre
Mas somente para carros. Obras da prefeitura de São Luís visando melhorar a “mobilidade” na capital diminui calçadas, ignora acessibilidade e a existência de ciclistas nas avenidas, além de derrubar inúmeras árvores e suprimir áreas verdes no entorno das obras. Sem melhoria no transporte público e sem considerar outros meios de locomoção, inclusive a pé e de bicicleta, o “Trânsito Livre” não é uma obra de mobilidade urbana, mas de elitização do tráfego, privilegiando quem tem carro, e, pior, contribuindo para uma cidade com mais emissão de poluentes, mais quente e menos aconchegante. É possível desenvolver com sustentabilidade, mas isso tem sido ignorado no projeto da Prefeitura. Não é projeto, é obra a toque de caixa visando o período eleitoral.
Falando nisso
Quando o prefeito Eduardo Braide colocará em prática a prometida “Patrulha Ambiental”? Áreas que se transformam em lixões irregulares dentro da cidade e até em bairros considerados nobres não têm nenhuma ação para coibir o descarte irregular de resíduos. A coluna volta a citar a rua Timon, no Jardim Eldorado, onde a única providência da Prefeitura é de retirar, de vez em quando, o lixo acumulado em plena via, quando quase interditada.
Julgue
Fato 1: há alguns dias, foi anunciado na imprensa que a filha do presidente do TJMA, desembargador Paulo Velten, tem emprego na Prefeitura de São Luís.
Fato 2: Paulo Velten tem tomado decisões favoráveis à Prefeitura de São Luís em ações que chegam até ele no Tribunal de Justiça. Por último agora, a respeito de um pregão com indícios de irregularidades para compra de asfalto. Antes, Velten já havia favorecido a Prefeitura na derrubada de uma liminar.
Embalagem
Nesta semana tem a entrega da reforma do Hospital da Criança. De embalagem nova, mas sem ter oferecido nenhum treinamento aos profissionais, sem implantação de protocolos clínicos, sem novidade na Gestão de Pessoas, Gestão Material ou Gestão de Patrimônio. Deveria haver um Seletivo ou Concurso para contratação/regularização dos trabalhadores excluídos da proteção da CLT. Houve uma contratação em massa, mas apenas com a lógica de tentar um saldo eleitoral para um pretenso candidato a vereador em 2024.
Faz o “L”
Vice-presidente Geraldo “Xuxu” Alckmin informou que, na sanha de arrecadação, o próximo passo do Governo Federal é oficializar a taxação de todas as compras internacionais, mesmo aquelas inferiores a 50 dólares, que o governo na cara de pau classifica como “importação”. Isso mesmo, você comprador de bugigangas de 5 dólares é considerado importador pelo governo. Em verdade, a taxação de compras de qualquer valor já está em prática, o anúncio, portanto, apenas escancara a sede arrecadatória.
Não é piada (ou é!)
O governador do Amazonas, Wilson Lima, tem a pretensão de cobrar o bilionário Jeff Bezos pelo uso do nome “Amazon”, empresa multinacional de tecnologia situado nos EUA. Ele acredita que o ricaço faz uso indevido do nome do estado do Amazonas sem nenhuma compensação financeiramente. “A Amazon usa o nome do Amazonas, usa o nome da Amazonia, quanto é que a gente ganha por isso?”, questiona. Já estamos preocupados se o prefeito de Uberlândia não vai cobrar a Uber; ou o governador de Brasília processar a Volkswagen; e o governador que vai processar a Casas Bahia? E se o Biden encrencar com as Lojas Americanas? Como diria o João Kleber: “vamos rrrir, vamos rrrrir”.
Ironicamente
A Amazon anunciou na COP28 que fará investimentos da ordem de US$ 16,3 milhões para projetos na floresta amazônica. O anúncio, no entanto, nada tem a ver com a viagem na maionese do governador Wilson. O aporte atende a planos elaborados pelo estado do Pará para conter desmatamento na Amazônia Brasileira.
Corte rápido
O saldo do encontro de Braide e Brandão não foi bom para o prefeito de São Luís. Saiu do Palácio dos Leões sem nenhum sinal de que terá o apoio, ainda que velado, do governador, com uma cobrança para que pague o débito que a Prefeitura tem com a Caema e uma ameaça de corte no fornecimento de água no prédio do executivo municipal. Logo no início da conversa, o prefeito “brincou” com o governador sobre a eleição de 2024, mas tomou um “chega-pra-lá”: “A gente tá aqui somente para tratar das obras e de questões administrativas, e não de eleição”, cortou Brandão. Azedou.