UQ! Colunaço do Cappêta 17/12/23

Vitória

A indicação e aprovação de Flávio Dino para o STF é um feito histórico. É a primeira vez em 30 anos que um senador ocupa a mais alta corte do país; é a primeira vez na história que um maranhense ascende a esse posto; é o primeiro comunista ministro supremo; junta-se às quebras de recordes da vida de Dino o fato de que nenhum outro brasileiro vivo ocupou os 3 Poderes da República. O maranhense, que já foi do Judiciário, de onde saiu para entrar na política via Legislativo, também ocupou cargos no Executivo, e, agora, retorna ao Judiciário pela via política. Não precisa gostar de Flávio Dino para reconhecer que o homem deixará registrado seu nome na história.

Dino togado

Derrota

Flávio Dino recebeu a pior votação no Senado para um ministro do STF. Ao lado do “terrivelmente evangélico” André Mendonça, Dino entra pra história com apenas 47 votos favoráveis. Mendonça só foi pior que Dino nos votos contra, com 32 registros ante 31 do maranhense. Para o vaidoso Dino, homem que gosta de quebras de recordes, de ser considerado o melhor, o maior, esse resultado é, sim, uma derrota. Assim como enche a boca para dizer que foi o senador mais votado da história do Maranhão, ou de que foi aprovado em 1º lugar para juiz aos 26 anos etc etc etc, Dino não vai poder dizer que foi para o STF com a melhor votação. Quem o conhece, sabe o quanto isso o incomoda e será colocado na ala reservada ao esquecimento na sua biografia.

Reprovado

Levantamento popular mostra que o brasileiro rejeita Flávio Dino no STF. Na prática isso não faz diferença nenhuma. Mas, essa é mais uma informação que, jamais admitindo, incomoda aquele que sempre almeja ser venerado. Segundo pesquisa do Instituto Real Time, 55% dos brasileiros dizem ser contra Dino no STF. Entre os fatos motivadores de rejeição, 36% alegam seu desempenho como governador do Maranhão.

Amigo comunista

Após indicar Dino para o STF, o presidente Lula discursa comemorando a aprovação do “primeiro ministro comunista na Suprema Corte”. Ministro mais chegado do presidente, Flávio Dino é aliado canino, amigo histórico e fiel do petista, apesar de todas as “facadas nas costas” dadas em Dino por Lula no histórico da política do Maranhão.

1989 – Dino com 21 anos participava da 1ª campanha de Lula

Incoerência

Apostando na curta memória do brasileiro, políticos não se envergonham de praticar contrariamente àquilo que apregoam. Em referência à indicação de André Mendonça para o STF feita por Bolsonaro, Lula disse, durante debate na campanha de 2022, que “não é democrático um Presidente querer ter os ministros da Suprema Corte como amigos. Tentar mexer na Suprema Corte pra colocar amigo, companheiro ou partidário é um retrocesso”.

Lula – discurso e prática destoam

Galeria de imagens

A “genuína felicidade” do órfão Márcio Jerry com aprovação de Dino para o STF.
Felipe Camarão “exultante” com a saída de Dino da política.
A selfie na sabatina de Dino: a tranquilidade e a paciência de Brandão recompensadas.
Dino pediu, Moro sorriu, voto saiu.

Registro histórico

Para chegar ao STF, Flávio Dino precisou de 3 “desafetos” que fez ao longo da sua carreira. O relator da indicação foi Weverton Rocha, a quem Dino preteriu e boicotou na disputa eleitoral de 2022; o ex-presidente José Sarney, classificado por Dino como responsável pela miséria no Maranhão, arregimentou votos para o comunista; o ex-juiz Sérgio Moro, detratado inúmeras vezes por Dino, garantiu um dos 47 votos da aprovação.

Exílio

O STF pode funcionar apenas como um descanso político para Flávio Dino. Esta coluna já havia levantado a possibilidade de ele voltar à política novamente, especialmente quando Lula “passar”, cedo ou tarde. A reação de alguns leitores foi de escárnio com esta possibilidade. No entanto, o próprio Flávio externou, em discurso após aprovação pelo Senado, sua paixão pela política e a vontade de retorno. Querer, ele quer; planejar, a coluna acredita que planeja; vai acontecer? Só o tempo dirá.

Dificuldade

Não existe lacuna na política. O espaço de Dino será ocupado, e, se quiser voltar, terá que manter minimamente uma agenda política, o que não é compatível com o cargo para o qual foi indicado e aprovado. O ministro entretanto já deu a senha: vai continuar a receber políticos como ministro do STF. Numa “democracia relativa” pode ser que caiba um ministro da mais alta corte fazendo isso, afinal recentemente tivemos até um ministro do STF participando de lançamento de programa de governo, né?

Cachimbo da paz

Muita gente “comemorou” a aprovação de Dino em um convescote na casa do senador Weverton Rocha em Brasília. Comunistas se embebedaram e, sob efeito do álcool, fizeram juras de amor ao senador. Quem diria. Órfão político de Dino, Márcio Jerry chegou a fazer mea-culpa pela campanha contra Weverton em 2022 e, num abraço etílico com Erlânio Xavier, elegeu, implicitamente, Rocha como seu líder daqui em diante. O comunista foi visto saindo da festa as 5h da manhã.

Erlânio, Weverton e Jerry – imagem meramente ilustrativa

Mistério

Direto do Maranhão para Brasília, um famoso “operador” da então Secom comunista pode se enrolar operando “esquemas” na capital federal. Sem sequer ter cargo no Ministério da Justiça, o imperador romano já é alvo de levantamentos da imprensa nacional. A saída de Dino do MJ acabaria derrubando o “lance”, que inclusive envolveria a aquisição de equipamentos e viaturas. O suposto esquema armado teria não apenas anuência do “chefinho” desde a época do edifício João Goulart, mas sua própria participação. Que coisa péssima, hein? Será que Flávio Dino tá sabendo? Esquema debaixo da sua barriga? Será que é por isso a insistência e a articulação até junto ao partido pra ocupar o cargo deixado por Dino?

Faz o “L”

Depois que o governo federal resolveu taxar comprinhas de brasileiros em sites internacionais, Shein e Shopee registraram queda de 54% nas vendas. Com “brusinhas” chegando a custar mais que o dobro, brasileiro desiste de comprar lá fora. Engana-se, no entanto, quem acha que se não compra lá vai comprar cá. Não vai, não. O dinheiro é o mesmo. E se tá curto pra pagar o dobro lá fora com as taxas, imagina para 4x mais aqui dentro. Há quem defenda a taxação. A estes dá-se o nome de “trouxas”, gado de político.

Vai lá, defende taxação e aumento de impostos.

Um deputado, uma voz

O irmão do prefeito de São Luís é o único deputado que tem se ocupado de levantar discussões realmente necessárias na Assembleia Legislativa. Enquanto a guerra ideológica toma conta da tribuna, com questões de pouco ou nenhum impacto real sendo levantadas, Fernando Braide tem tocado em assuntos solenemente ignorados. É o caso, por exemplo, do funcionamento do Hospital da Ilha, concebido para ser um hospital “porta aberta”, mas funciona regulado, sem cumprir com a função de desafogar as unidades de saúde da capital, que seguem abarrotadas de pacientes da Ilha e vindos do Interior. Nem mesmo o ex-secretário de Saúde do estado, deputado Carlos Lula, para engrossar a cobrança ao governo para que cumpra com o objetivo do Hospital da Ilha.

Fernando tem sido voz solitária em assuntos de fato relevantes

Do bem

A Câmara Federal, em Brasília, abriu processo que pode resultar em cassação do deputado André Janones. Acusado por ex-assessores de seu gabinete de praticar “rachadinha”, Janones foi gravado pedindo que funcionários arcassem com despesas pessoais e débitos de campanha dele, e agora terá de enfrentar o Conselho de Ética da Câmara.

Aliado de Lula, Janones nega rachadinha

Imagem da semana

Após dizer que cortaria relações com a China, presidente eleito da Argentina ajoelha aos pés de autoridade chinesa.

Pra encerrar

O registro de como uma obra completamente desnecessária está ultrajando o que era uma das mais belas paisagens da região de praias da capital maranhense. O viaduto da Ponta D’Areia nasce como um trambolho que violenta a paisagem urbana. Um projeto ultrapassado sendo executado de maneira açodada, sem levar nada em consideração, nem mesmo a escolha de um projeto em harmonia com o local. Em breve, a parede que tirou a ventilação, a visão das dunas e do mar, estará, no mínimo, suja e encardida, cheia de manchas. E poderá abrigar cartazes e propaganda irregular, além de pichações. Um legado deixado pelo governador Carlos Brandão.

Antes e depois da ignorância humana

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