Briga
Governador do Maranhão e prefeito de São Luís estão há semanas numa guerra fria, mas que acabou se materializando numa briga (quase) pública, provocada por Eduardo Braide, ao se adiantar e anunciar que faria o carnaval no mesmo local onde é o governo quem faz há quase uma década. E quando o governo começou a instalar a comunicação visual na Beira-Mar, o prefeito mandou retirar. A prefeitura, do ponto de vista legal, tem legitimidade sobre o logradouro em questão, e poderia agir para disciplinar a instalação feita pelo governo. Mas, sequer teria moral de reclamar pra si tal direito ao passo em que está realizando obras em vias de jurisdição do governo sem “pedir licença”, atropelando o ente estadual, como é o caso da avenida dos Holandeses.
Sonso
Com a reação do governador Carlos Brandão, que atropelou o prefeito, mandou reinstalar os balões de comunicação e ainda colocou vigilância, Eduardo Braide recuou, arranjou outro local e gravou vídeos dizendo que “quem me conhece, sabe que eu não sou de briga”. A verdade é que o prefeito provocou, não aguentou, não tem força pra vencer essa briga, e recuou. As brigas que Braide sabe que pode ganhar, ele briga, sim. Então, esse papinho de “não sou de briga” é apenas sagacidade dissimulada. Ele sabe que essa soncisse funciona com a massa. É o tipo de apelo emocional que o Braide usa muito bem. “Olha como eu sou coitadinho, bom moço injustiçado”.
Sonso 2
Depois de abandonar o carnaval tradicional de São Luís desde o primeiro ano de mandato, neglicenciando, por exemplo, o circuito Madre Deus – Deodoro, privando os ludovicenses das tradicionais manifestações, Braide tentou, na maior cara de pau, roubar pra si o mérito do circuito criado pelo governo do estado, para gozar do sucesso da Beira-Mar em face do ano eleitoral e tirar algum dividendo político.
Fantasia
Enquanto Brandão e Braide protagonizam a disputa pela concentração do carnaval no Centro, avenida Litorânea, em região nobre, com grandes atrações, policiamento e grandes produções, outras regiões da cidade ficam sem praticamente nada. Áreas com grande densidade populacional não têm o mesmo prestígio, aliás, prestígio algum. Quem mora no Cohatrac, Anil, São Cristóvão, Cidade Operária, Divinéia, por exemplos, precisa atravessar a cidade para ver o “grande carnaval” que se orgulham em dizer que fazem na cidade. É grande, bonito e pomposo, mas é fantasia achar que é pra todo mundo.
Coronelismo
A briga carnavalesa de Braide e Brandão serve para escancarar o tipo de política a qual estamos submetidos. Transformaram a capital do Maranhão numa arena típica de cidadelas do interior onde reina a disputa de coronéis e prevalece a força de revólveres e pistolas nas mãos de jagunços. Neste caso, homens da PMMA usados como jagunços para vigiar os balões instalados pelo governo.
Deboche e ataque
A comunicação do governo Brandão by Sérgio Macedo lançou deboche para o prefeito Eduardo Braide após imbróglio e demonstração de força do governo na “briga” pelo circuito Beira-Mar. Um vídeo com assinatura oficial lançado em rede social mostra um Fofão caminhando pelo local ainda vazio, ele olha para um lado e para o outro e diz: “…fui eu que cheguei primeiro”. Já outros vídeos apócrifos foram lançados com ataques ao prefeito, acusando-o de querer tirar proveito, em ano de eleição, do circuito carnavalesco do governo. O material, mesmo anônimo, pode ser facilmente identificado pela linguagem adotada – conhecida há décadas – e, claro, pelo fato de ter um único beneficiário: o governo. Mais cedo do que nunca, todo mundo sacou de onde partiu.
Na seca
No final do ano passado, Braide e Brandão tiveram um encontro com desfecho nada agradável. Na esperança de que pudesse haver qualquer tipo de aproximação ou contribuição para a eleição deste ano, Braide quebrou a cara com o governador, que, no encontro, deixou claro que isso não ocorreria, assim como ainda cobrou do prefeito as contas de água da prefeitura em atraso com a Caema. Para além, o governador ameaçou que o fornecimento seria interrompido. Desse modo, a companhia de água procedeu com o corte em diversos órgãos do município no último dia 04. Braide conseguiu, em 24h, na Justiça, a religação, sob a alegação de que ainda está renegociando a dívida de mais de R$ 170 milhões acumulada desde gestões passadas até a sua.
Predição
Os últimos fatos envolvendo o governo do estado e prefeitura de São Luís enquanto instituições explicitam o tom da disputa eleitoral que se avizinha, e mais ainda a forma como a máquina estadual será usada por Brandão para atropelar o prefeito em sua tentativa de reeleição. Pior, o próprio Eduardo Braide se comporta de modo a legitimar ou justificar a investida dos Leões que querem devorar sua carne. Brandão nem precisa de uma desculpa, mas Braide parece estar dando ao provocar o rugido dos heráldicos felinos vizinhos.
Dois gumes
A imposição de força da máquina estadual liderada por Carlos Brandão contra Eduardo Braide, pode resultar em um massacre eleitoral ao prefeito? Sim. Pode até não impedir sua reeleição, mas trazer um custo político altíssimo para ele. Por outro lado, o limão pode virar uma doce limonada. Braide pode sair como o “perseguido”, o homem “contra o sistema”, mesmo sendo ele parte do sistema e também agindo politicamente, só que nas sombras, no mesmo modo que Brandão. No entanto, vale para o público aquilo que “parece ser”. O episódio da “briga” pelo circuito Beira-Mar é um exemplo. Foi Braide quem provocou; mas foi Brandão quem reagiu e impôs força; Braide recuou e disse que não é de briga, enquanto o governo debocha publicamente do prefeito. Quem é a vítima e quem é o algoz aos olhos do público?
Quem mente?
Blogueiro escreve que Prefeitura de São Luís, através da SMTT, está usando câmeras de monitoramento para multar veículos com licenciamento atrasado. Executivo Municipal nega e classifica a informação como fake news. Só que já tem condutor postando notificações da SMTT que seria exatamente as que a prefeitura nega. Tem alguém faltando com a verdade.
Falando nisso
Na avenida São Luis Rei de França, em frente ao Shopping Rio Anil, é comum ver motoqueiros passando em alta velocidade pela faixa sem dar preferencia aos pedestres na travessia. No mesmo local, o rebaixo no canteiro central para a passagem de pedestres é usado por motoqueiros para fazer o retorno. Bora usar o vídeo monitoramento para multar esses infratores?
Silêncio
Mais uma vez, o silêncio de deputados em torno do ataque à educação promovida pelo governo Brandão. Professores do estado contratados tiveram seus pagamentos suspensos. Silencia também do Ministério Público, comandado pelo procurador Eduardo Nicolau. Acostumado a barrar festas de prefeituras do interior do Maranhão, Nicolau sempre alega que se não tem dinheiro para Saúde e Educação, prefeito não pode gastar dinheiro pagando banda e fazendo festa. E agora? Vai entrar na Justiça contra o governo do estado?
Tigrinho
O deputado estadual Dr. Yglésio não dá um bramido sobre os problemas oriundos do governo do estado ou que deveriam ser resolvidos pelo governo Brandão. Não se ouve, nem se vê, nem se lê uma crítica, nem que seja pra ajudar o governador. Também não tem se ocupado muito em discutir assuntos relevantes, como segurança pública, educação, a não ser só pra cumprir tabela e depois poder dizer “ah, eu falo sim, tu que não vê”. Pré-candidato a prefeito, o deputado prendeu-se ao modus bolsonarus operandi e tem se limitado à lacração em rede social contra influencers de joguinhos digitais, e orgulha-se do grande alcance. Só que São Luís precisa é de um prefeito não de um blogueirinho. Contra influencer, Yglésio é um tigrão feroz, mas é um tigrinho “intimalia, mamãe” com o governo.
Milícia digital
A turma do deputado Duarte Jr. está em campo cooptando páginas e perfis em diversas redes sociais para formar seu exército “choquei” em São Luis para as eleições de 2024. Tudo “organicamente” regado à “boa vontade” e “ideiais”. Saiba que quando você olhar por aí nesses perfis e páginas o prefeito Eduardo Braide sendo detonado e Dudu sendo exaltado, não há nenhum dinheiro envolvido nisso. É só amor. Quando você ler blogs e editoriais de jornais nesse mesmo rumo, desconfie. Há também um exército de perfis fakes comandados até mesmo por funcionários de órgãos públicos que se prestam ao papel de bots na campanha eleitoral.
Ridículo
Um disparo em massa, às vésperas do aniversário do 08/01, tá chegando pelo WhatsApp. A mensagem com um puxa-saquismo vergonhoso, que na verdade revela narcisismo, tenta exaltar em tom heróico a suposta atuação do secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappeli, cuja “coragem espelha o melhor do nosso povo”. Quem patrocinou essa ação? Ele usou dinheiro público? Quem teve essa iniciativa? Talvez as respostas sejam respondidas com outra pergunta: quem é o único beneficiário dessa ação? Pronto. Já se sabe quem é o canalha.
Pra encerrar
Flávio Dino deixa o Ministério da Justiça com índice de transparência pior do que antecessores. Os dados da Controladoria Geral da União mostram que gestão Dino foi a que mais negou pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação, face o comparativo com os ex-ministros Moro, André Mendonça e Torres. Tem algumas desculpas pra tirar o corpo dessa responsabilidade? Tem. Sempre tem. Porém, nenhuma muda o fato: gestão Dino no MJ foi a menos transparente. Ponto.